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Wembo 24h Mação

 Fui, sem esperança, para a maratona do ano. Era uma coisa surreal, em todos os sentidos.



Sexta feira, 06 de Julho
Cheguei ao lugar sexta feira um pouco antes do secretariado fechar. Recebi o dorsal e o saco vazio correspondente ao evento. A dormida e WC é no polidesportivo da escola (do outro lado da estrada) e o carro/tenda fica à beira da estrada fechada para o evento.






Armei a tenda, descarreguei as caixas, saco cama e aprendi a Green Hill Zone num poste de sinalização vertical, ao lado da tenda, com o kryptonite. Já eram 22h30 da noite e deitei me. O piso era desconfortável, pois estava a dormir no passeio. À meia noite o pessoal das Bicicletas Brasil fizeram uma barulheira com o descarregar e montagem das tendas. Depois veio o sossego e os grilos. Cri, Cri.




Sábado, 07 de Julho
Levantei às 8h, arrastei para o balneário do polidesportivo e usei a única casa de banho. Não consegui fazer nada e voltei para a tenda.
Organizei as coisas e dei um pulo ao intermache local. Os astros alinharam se e consegui fazer as necessidades.
Tentei comprar alguma coisa para comer e fui ao café.
Regressei para a tenda e vesti o equipamento, finalizei a bike com a pressão dos pneus, bidon e saco debaixo do selim.

Comecei às 11h e constato na primeira volta que o percurso é violento. Tinha zonas ciclaveis e zonas improvisadas, onde o terreno era seco, poeirento, picado, lavrado, com imensa pedra. Aliás, a zona de descanso era o paddock, uma curta rua com espaço para a malta não se atropelar no abastecimento. 
Faço a 2a volta e vejo que a bike rígida é uma má escolha para este evento. 
A amargura e sofrimento só agravou. Por milagre não fez calor no dia de sábado. Até apanhei uns pingos de chuva na terceira parte do percurso.

A bike tinha a relação perfeita para pedalar em pé 2/3 do percurso e o resto era rolar em pé porque o resto era calhau e descer escadaria e uma rampa mal parida que obriga a malta a aterrar em seco na calçada. Isso e o facto da rampa ser curta e projectar a roda traseira para o espaço. Para era mais um obstáculo que tinha de abrandar o suficiente para transpor a descida. Enfim...

Os travões eram usados em 2% mas super intenso. Era tudo a subir e as partes a direito e a descer perdia se muita velocidade. 

Os pneus estiveram 5 estrelas. Agarraram, amorteciam e não  furaram. Havia sítios a imitar rock gardens mas era só isso, uma tentativa de cortar os pneus sem oferecer dificuldades técnicas. Ora, o percurso já lento, introduzir estas armadilhas  em zonas remotas e a subir é apenas para chatear.




O percurso era bastante duro porque não dava oportunidades de rolar sentado. Era bastante acidendato e tinha de pedalar cada metro do percurso. O prémio de sentar era ser projetado para fora da bike. O prémio de rolar era não terais força para agarrar o guiador, em especial nas zonas de travagem.
O prémio de perder concentração ou de ficar cego da poeira era não respirar e entalado entre árvores e muros centenários com pedras afiadas. 
Só consegui comer uma barra ou gel na zona mais alta durante uns 200m, lá para o kilometro 6 ou 7. Isto era um evento para se fazer com camelbak pois até beber do bidon era lixado, quando não saiam disparados do suporte.

Sem dúvida um dos piores tracks que fiz, se não mesmo o pior!




Chego à tenda às 22h, e 50m antes da meta, olho para os resultados live: os meus dois adversários com 6 voltas de avanço e eu com 14voltas feitas. Nei me dignei a concluir a 15a volta, fixei a bike com o kryptonite e terminei a prova. Vejo a tenda invadida por formigas, levando com elas o frasco de manteiga de amendoim. Que bom!

Domingo, 08 de Julho 
Tentei descansar mas entre a meia noite e as 2h da manhã foram ao pódio as categorias com 6 e 12h. Uma barulheira que não se podia estar ali.

De manhã comei logo a arrumar as caixas e tenda e tudo. Lavei a bike e fui comer a torrada no café. Tomei duche no balneário e pronto, esperei penosamente para subir ao último lugar do pódio em Single Speed. Ninguém da organização referiu se tinha direito a prize money. Fui dar os parabéns ao 1o lugar bazei com um amigo meu que me foi visitar.




Post Mortem do evento
Não estou preparado para pagar 50 euros e levar porrada. Não tenho lojistica, não tinha bike, não tinha condições. Perdi dinheiro, gastei tempo, dediquei 1 dia de férias para sexta feira para quê? Para ganhar uma medalhinha ridícula de finisher. Só a malta do pódio é que teve direito a medalha de finisher. 
Era fácil encurtar o caminho, contornando as piscinas públicas e mostrar que tinha algum tipo de constrangimento mecânico.

A organização era pobre. 
Vejamos:
  • mega tenda ou toldo na zona da meta para albergar uns 100 competidores,
  • acesso ao polidesportivo e as piscinas públicas de Mação, 
  • estruturas de andaimes para descer a praça ali de Mação,
  • possibilidade de alugar tendas 3x3m 
  • dois ou três GNR em cruzamentos mais potencialmente perigosos,
  • dorsal para bike, dois zip ties e saco de pano com o logo do evento
  • percurso difícil para as bicicletas hardtail, com ratoeiras/armadilhas para os menos concentrados, quase metade dos 11km eram em single track ou muito difícil ultrapassagem sem causar transtornos
  • água engarrafada na meta e outros dois pontos de abastecimento que, por acaso, davam água em copinhos. O primeiro PA só disponibilizou águas umas 4h depois da prova começar porque eu reclamei junto da organização na passagem da meta
Talvez seja injusto da minha parte comparar Wembo/Ironbrain com outras organizações que eu participei no passado.

Coisas como:
  • segurança ou policiamento à noite de sexta para sábado,
  • acesso a uma cantina ou algum tipo de almoço/jantar/pequeno almoço 
  • dorsal nos competidores para mais fácil identificação 
  • dorsal da bike com número direto para a organização e/ou número SOS para os bombeiros de serviço no local
  • pelo menos um check point na zona mais afastada da meta ou mais alta do percurso ou descarregar o track do Strava para comprovar 
  • coberta mediática 
  • algum tipo de sponcer que fornecesse café para os competidores
  • alguma coisa para apoio mecânico ou onde se possa comprar componentes 
  • contactar pessoal experiente para desenhar/construír percursos de endurance 
  • fotógrafos que realmente estejam nas zonas fixes do percurso e não apenas nos primeiros 100 metros e na praça de mação 

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